Toda mudança que você não acompanha te deixa como um dançarino fora de
ritmo, em meio a apresentação em grupo para uma platéia numerosa. Os
movimentos sincronizados dos demais te constrangem. As notas musicais
mudaram de Chopin para Mozart, mas você ficou de bobo, dançando ainda ao
som de uma melodia que permanecia apenas na sua mente. A vida muda, os caminhos
também, mas o sentimento não quis se metamorfosear.
E sobra lá, você, embaraçado e envergonhado, carregando um relicário empoeirado e démodé. Porque não dá para mostrar para ninguém sem ser olhado como "A melodia já mudou e você ainda está nesse ritmo?". Incompreendido por todos, inclusive por si mesmo, chega o momento de inovar: é preciso negar, é preciso afirmar que não existe, é preciso olhar para os que também estão dançando e tentar acompanhar a nova melodia, por mais que não a ouça: é preciso fingir! Começa, então, com passos desengonçados, desritmados, melodia que não é mais a que se ouve, mas que também não é a que se queria ouvir. Por vezes, tropeça e cai, tamanha encenação e desnorteio. Em outras, a vontade é só de jogar a toalha e desistir. A esperança te faz permanecer no passo: por tanto insistir, a nova melodia há de fazer sentido e, o mundo, a ficar sonoramente harmônico outra vez.
E sobra lá, você, embaraçado e envergonhado, carregando um relicário empoeirado e démodé. Porque não dá para mostrar para ninguém sem ser olhado como "A melodia já mudou e você ainda está nesse ritmo?". Incompreendido por todos, inclusive por si mesmo, chega o momento de inovar: é preciso negar, é preciso afirmar que não existe, é preciso olhar para os que também estão dançando e tentar acompanhar a nova melodia, por mais que não a ouça: é preciso fingir! Começa, então, com passos desengonçados, desritmados, melodia que não é mais a que se ouve, mas que também não é a que se queria ouvir. Por vezes, tropeça e cai, tamanha encenação e desnorteio. Em outras, a vontade é só de jogar a toalha e desistir. A esperança te faz permanecer no passo: por tanto insistir, a nova melodia há de fazer sentido e, o mundo, a ficar sonoramente harmônico outra vez.
E aí, de tanto tentar dançar outra melodia sem ouvi-la, tropecei,
exausta. A platéia ria, apontando para o dançarino descoordenado e que
nem se importava mais com as vaias. Acordei exaurida, sem conseguir
encontrar ar para respirar. Porque certas dores, por mais que se
escondam em outras notas, quando sobem à tona, vêm agudas, estridentes,
destoam...e te fazem parar de dançar.